segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma vez, na Montanha

Descobri a magia das flores, descobri a magia das palavras ditas com amor, descobri o elo que me une a todos os seres. Ouvi uma voz que contava histórias de fadas e de primavera, enquanto a lua amarela, por entre os galhos, confirmava: é este o caminho, minha filha. Senti o conforto de poder rir e soltar palavras que vêm de meu silêncio diante de pessoas cujo olhar parecia dizer: Fica à vontade, você pode ser você mesma. Olhei sem medo um sapo pela primeira vez; pela primeira vez olhei um sapo e ri, só porque se tratava de um sapo. E também chorei, senti uma tristeza no coração, que fez as lágrimas caírem sem que eu pudesse controlá-las. Mas foi graças ao sal que brotava da fonte de minhas emoções que pude sentir a força adocicada e acalentadora vinda da compaixão. A compaixão é uma senhora bem velhinha, parecida com Nanã, senhora da Terra, e sabe o que ela faz? Ela permite que cheguem a quem sofre, não julgamentos ou indiferença, mas olhares, toques e palavras carregadas de compreensão e carinho. É que ela trabalha junto com Oxum, senhora das águas doces, aquela que, logo depois de eu ter sentido os encantos da compaixão, me ensinou o mistério de olhar a vida com o olhar da beleza. Diante da alegação de minha pequenez, ela disse: põe flores em tudo que fizeres, acredita que tudo na sua vida é santo e belo; não acredita na motivação mesquinha de seus desejos; se tudo tem dois lados, deixa crescer e aparecer o motivo mais nobre para agires e viveres.
Estava assim, quando a segunda-feira me deu uma rasteira. Do alto da montanha ela quis me puxar pra baixo. Mostrou que eu ainda tinha pouco amor. Mostrou que, entre buzinas, fumaças, reuniões e burocracias, nem tudo é tão fácil. Mostrou minha impaciência. Mostrou meu desânimo. Mostrou minha confusão. Mostrou...
...E quase eu ia caindo. Mas ainda a tempo de perceber que as marcas dos meus aprendizados já estavam dentro de mim e que eu não ia deixar qualquer arranha-céu competir com essa Montanha tão grande cujo topo está justamente no meu coração.

6 comentários:

  1. Me emocionei. Lindo e compartilho de cada sentimento. Sigamos com a leveza das flores da Montanha... Um beijo no seu coração!

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  2. Me lembrou...

    "Acordei numa linda manhã
    O sol brilhava dentro de mim
    Eu chorei de emoção
    Compreendi como eu era feliz
    O mar quis se agitar
    Mas gravei tudo no coração"

    141- O sonho do beija-flor

    :))

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  3. Aprendi a por o sol em Itaipu
    Ali
    Onde na lembrança resistem
    Criança e adolescente
    No homem que se escreve
    Nas tortas linhas
    Do eterno novo dia
    Que se anuncia.

    Aqui
    Neste espaço mimético
    O eu lírico
    Se apresenta
    Pela descoberta
    De suas doces palavras
    Em meio ao infinito
    Espaço virtual.

    Que a Natureza
    brinde mais um dia
    com um outro encontro
    literário.

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  4. Poemas, poesias... quero mais. Roberta no meio de tanta correria e rebeldia, não pare. Por favor não pare de escrever, quero sentir como seus olhos enxergam o mundo. Amo seus escritos!

    Aline Batista

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  5. Roh, gostei muito!!!Engraçado como optamos pelas letras não foi à toa, é claro que gostamos de escrever e você escreve super bem!!!
    Grande beijo

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