domingo, 25 de julho de 2010

Pedras

Seguiu o seu caminho e não olhou para traz. Até que certo dia, em meio a uma súbita ventania, o chapéu quase que lhe escapou da cabeça; e no afã de segurar o adereço, ao mesmo tempo em que equilibrava o corpo, que se balançava como as folhas das árvores no vendaval, o pescoço curvou-se para trás e os olhos, acompanhando o movimento, avistaram sem querer uma pedra esquecida. Os olhos viram, a memória se recordou e o coração sentiu. Ela não pode segurar as lágrimas, que desceram lentamente, ao mesmo tempo em que as lembranças tomavam forma na mente. Uma lágrima, mais tenaz do que as outras, desceu violentamente até o chão. Foi quando ela olhou para baixo e viu muitas pedras. As mãos tremiam indecisas. Ela tentava andar e não conseguia, diante da quantidade de pedras ao redor. Precisou, portanto, abaixar. Pegou pedra por pedra na mão, recordando cada uma, e foi ajeitando todas, abrindo a sua passagem. Depois, conseguiu finalmente andar e os raios de sol puderam enfim secar suas faces molhadas.

3 comentários:

  1. Para cada caminho uma curva, pedra, rio, sol, lugar, amor, vida... fim.
    Que bom que nos presenteou com essa maravilha, fazia tempo, mas pelo visto valeu total apena!
    Beijo. :)

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  2. nao sei usar isso de blog, se eu te respondo lá ou cá. até falei com caetano hj, que seu comentário deu uma outra visão ao texto, que eu não tinha. óó, mas isso é óbvio, cada um tem sua visão, uns diriam... mas quando acontece consigo é outra coisa =)

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  3. é preciso, primeiro, ajeitar pra seguir em frente ~ e reparar os detalhes desse caminho é fundamental ~ já que o meio é sempre mais divertido que o fim ~ aliás, viver é meio, não fim.

    feliz com seu retorno animado
    te amo

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